Estudante do curso técnico em segurança do trabalho, a jovem Talia Fernandes já faz estágios e desbrava um espaço que ainda tem poucas mulheres
Quando a jovem Talia Fernandes contou para seu pai que pretendia fazer o curso técnico em segurança do trabalho, ouviu dele -- que já trabalhava em obras -- que não deveria seguir nessa carreira, pois, segundo ele, é uma área em que as mulheres não costumam ter muito espaço. “Mas bati o pé e o convenci de que era o que eu queria”, conta a estudante do Centro Estadual de Educação José Pacífico de Moura Neto, em Teresina (PI).
Talia já teve uma experiência como jovem aprendiz e outra como estagiária em uma empresa de engenharia e, de fato, atua numa equipe com apenas outras duas mulheres. Em sua primeira experiência, ela atuou por 11 meses e era a única mulher em toda a empresa. Ainda assim, ela diz que está muito feliz com o caminho que está seguindo.
“A gente foca na segurança do trabalhador. Fazemos dinâmicas com os operários, indicamos o uso de equipamentos adequados para proteger eles individualmente e coletivamente”, conta.
A área em que Talia está se formando faz parte de um número de cursos técnicos que têm pouca aderência entre o público feminino. Menos de 10% dos alunos são do gênero feminino em cursos como de manutenção de aeronaves em grupo motopropulsor, manutenção automotiva, impressão fotográfica e flexográfica, impressão offset, mecânica de precisão, soldagem, manutenção de máquinas industriais, segundo dados levantados pelo Itaú Educação e Trabalho, com base no Censo Escolar de 2020.
Dados levantados pelo Itaú Educação e Trabalho revelam que as mulheres ocupam 34% mais cargos de nível técnico, segundo a RAIS de 2021, em relação aos homens.
Segundo Talia, fazer o curso técnico integrado ao ensino médio a ajudou a encontrar oportunidades de trabalho. “Foi importante para ter experiência prática, para conciliar com o que havia aprendido na teoria”, contou. “Estou tendo experiências no mercado. É um grande passo na minha carreira, pois aprendi como seguiria em frente, consegui saber como é realmente o trabalho na construção civil.”
Além disso, ela sempre pode trazer os desafios do mundo do trabalho para dentro da escola. “No trabalho, eu fiscalizo a obra e vejo os equipamentos que poderiam ser usados para melhorar a proteção dos trabalhadores. Quando tenho dúvidas sobre a prática, tenho professores aqui na escola que me ajudam.”
Para Talia, fazer o curso técnico integrado ao ensino médio é melhor, pois ajuda a descobrir o mundo do trabalho e abrir um mundo de novas oportunidades. “Quero seguir na área de segurança do trabalho e pretendo fazer um curso superior em engenharia do trabalho.”
(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho, em agosto de 2022)
O Itaú Educação e Trabalho estabelece parcerias com as secretarias estaduais de Educação, oferecendo apoio técnico para viabilizar e aprimorar a oferta da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) e a inserção digna no mundo do trabalho.
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