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Geração de trabalho e renda na área cultural movimenta a economia criativa

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Mercado cultural gera renda anual de US$ 2,25 bilhões e é responsável por cerca de 30 milhões de empregos em todo o mundo

Grupo de pessoas sentadas no chão

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Estudantes de EPT da rede pública do RS em atividade cultural durante o Seminário da Educação Profissional “Perspectivas futuras de um mundo em transformação”, em 2022

 

O mercado cultural gera uma renda anual de US$ 2,25 bilhões e é responsável por cerca de 30 milhões de empregos em todo o mundo, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), sendo considerado um dos setores de maior expansão global. Atualmente, este setor representa 7% do PIB mundial, com projeções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) indicando um crescimento entre 10% e 20% nos próximos anos.

As atividades artísticas e culturais com potencial para gerar trabalho e riqueza por meio de aspectos criativos têm apresentado um crescimento global contínuo desde a década de 1990 e fazem parte da chamada economia criativa.

Entre essas atividades estão design, arquitetura, artes cênicas e visuais, mídias digitais, publicidade, produção editorial, moda, produtos audiovisuais, entre outros. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) classifica as áreas da economia criativa em três categorias: convencionais (mercado editorial e audiovisual), novas (videogames, publicidade, mídias sociais) e outras (artesanato e artes visuais).

O capital intelectual é a principal matéria-prima da economia criativa, e seu objetivo central é a produção, distribuição e comercialização de bens, serviços e atividades derivadas de origens culturais, artísticas ou patrimoniais. Esses setores são responsáveis por gerar rendimentos principalmente por meio do comércio de produtos culturais e da prestação de serviços, especialmente para pequenas e médias empresas.

A economia criativa faz parte de um grupo de cinco “economias emergentes”, que apresentam o maior potencial de crescimento nos próximos anos. São elas: a economia verde, a economia do cuidado, a economia prateada, a economia criativa e a economia digital. Em cada uma dessas economias há diferentes setores e possibilidades de desenvolvimento de carreiras. Tais economias foram apontadas como tendência pelo estudo “O Futuro do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, realizada pelo Itaú Educação e Trabalho em parceria com Fundação Roberto Marinho, Fundação Arymax, Fundação Telefônica Vivo e GOYN SP e executado pelo Instituto Cíclica em parceria com o Instituto Veredas, o estudo apresenta as tendências do mundo do trabalho e o retrato das juventudes brasileiras, em busca de oportunidades para a inclusão produtiva de jovens.

Também conhecida como “economia laranja”, ela é considerada uma das economias emergentes não apenas por seu crescimento econômico e criação de empregos, mas também por sua capacidade de se vincular a mercados sustentáveis, já que não depende exclusivamente de matérias-primas, como petróleo ou gás. Além disso, ela contribui para a diversificação da economia de países do Sul Global, preservando e promovendo formas de expressão artística locais. Ela também é reconhecida por ser menos volátil diante de crises externas.

A economia criativa é tão relevante que a 74ª sessão da Assembleia Geral da ONU reconheceu a sua contribuição para o desenvolvimento global, declarando 2021 como o Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável. Isso reforça o potencial dessa economia em promover o desenvolvimento inclusivo e sustentável por meio da integração da criatividade, cultura e inovação.

No Brasil, o PIB criativo totalizou R$ 217,4 bilhões em 2020, mesmo diante dos impactos da pandemia. De acordo com o Observatório Itaú Cultural, mais de 868 mil empregos foram criados na economia criativa no Brasil entre o terceiro trimestre de 2020 e o terceiro trimestre de 2021, sendo 91,3 mil somente no setor cultural. Assim, o total estimado de ocupação na economia criativa passou de 6,3 milhões para 7,1 milhões de pessoas empregadas em 2021.

Apesar de estar apresentando crescimento mesmo em um contexto de instabilidade econômica, a influência da pandemia evidenciou aspectos complexos que precisam ser considerados para promover a inclusão produtiva na economia criativa. A flexibilidade produtiva nesses setores, sem horários fixos ou ambiente de trabalho definido, é um aspecto a ser destacado, assim como os altos índices de ocupações informais, sem acesso a direitos trabalhistas e seguridade social. Segundo relatório da S4YE, mais de 40% das pessoas que trabalham com economia criativa na América Latina são independentes e 24% são freelancers. Nesse contexto, muitos profissionais da área têm múltiplas atividades para compor sua renda.

Entre os desafios estruturais para o crescimento da economia criativa estão a instabilidade das condições de vida, a alta informalidade e a falta de programas sociais que garantam apoio aos trabalhadores do setor, além da burocracia para aprovação de projetos e obtenção de financiamentos, e a necessidade de articulação com outros setores econômicos, como o turismo.

A participação das juventudes nesse setor da economia e o potencial educativo e de geração de cidadania que essas atividades podem promover é muito importante. Nesse sentido, é fundamental prepararmos os jovens para esse mercado e garantir que ele seja cada vez mais inclusivo e valorizado.