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Busca pelo desenvolvimento sustentável impulsiona a economia verde

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Setor contribui para o bem-estar das sociedades e constrói equidade social, reduzindo os riscos e a escassez ambiental

 

A atividade humana é considerada a principal responsável pelas mudanças climáticas que acontecem no mundo, por meio das atividades relacionadas à energia, indústria, agricultura, transporte, edificações e uso da terra, que emitem gases de efeito estufa e aumentam a temperatura do planeta. Essas emissões têm causado secas, incêndios, enchentes, inundações, derretimento do gelo polar, tempestades e declínio da biodiversidade. Para enfrentar esses problemas, os países têm buscado medidas para reduzir as emissões e têm realizado acordos globais para orientar o desenvolvimento de forma sustentável.

Esse processo gera oportunidades na chamada economia verde. Nela, as possibilidades de carreiras abarcam ocupações que têm como função comum o desenvolvimento de atividades com o objetivo de alcançar a sustentabilidade, contribuindo para reduzir a emissão de gases na atmosfera.

Lançada em 2008 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a economia verde se coloca como uma alternativa ao modelo econômico “tradicional” – apontado como responsável pelo aumento das desigualdades, do desperdício, da escassez de recursos e da ameaça ao meio ambiente e à saúde. A economia verde é uma economia inclusiva, que contribui para o bem-estar das sociedades e constrói equidade social, reduzindo os riscos e a escassez ambiental.

A economia verde faz parte de um grupo de cinco “economias emergentes”, que apresentam o maior potencial de crescimento nos próximos anos. São elas: a economia verde, a economia do cuidado, a economia prateada, a economia criativa/laranja e a economia digital. Em cada uma dessas economias há diferentes setores e diversas possibilidades de desenvolvimento de carreiras. Tais economias foram apontadas como tendência pelo estudo “O Futuro do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, realizado pelo Instituto Cíclica em parceria com o Instituto Veredas com apoio de Itaú Educação e Trabalho, Fundação Roberto Marinho, Fundação Arymax, Fundação Telefônica Vivo e GOYN SP. O estudo apresenta as tendências do mundo do trabalho e o retrato das juventudes brasileiras, em busca de oportunidades para a inclusão produtiva de jovens.

Para desenvolver a economia verde, são necessárias mudanças, renovações e inovações em setores e áreas específicas, que tendem a ser responsáveis pela maior parte da degradação do meio ambiente e, consequentemente, pelas emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o Banco Mundial, o florestamento, reflorestamento e recuperação de terras degradadas contribuem para a preservação e renovação dos ecossistemas, gerando empregos e desenvolvendo novos mercados. Essas ações ajudam a reter água e proteger contra chuvas fortes, a evitar a erosão e a aumentar a produtividade geral do solo.

A Organização Internacional do Trabalho define green jobs como empregos decentes que contribuem para preservar ou restaurar o meio ambiente, sejam eles parte dos setores tradicionais como indústria manufatureira e construção, sejam em novos setores, como o de energia renovável. Esses empregos tendem a melhorar a eficiência energética e de matérias- -primas, eliminar as emissões de gases do efeito estufa, eliminar resíduos e poluição, proteger e restaurar os ecossistemas e a saúde humana, apoiar a adaptação aos efeitos das alterações climáticas.

Esses empregos verdes se dividem em duas grandes áreas, destacando o potencial de empregabilidade:

1 - Ambiente construído 
Esta área inclui trabalhos em tecnologia, energia, transporte, edifícios e infraestrutura. Aqui destaca-se o setor de energia renovável, que, segundo o Pnuma, empregou 11,5 milhões de pessoas em 2019. Os empregos em energias renováveis podem chegar a 42 milhões até 2050, com outros 21,3 milhões em eficiência energética e 14,5 milhões de pessoas em empregos relacionados a redes elétricas e flexibilidade energética. Os setores de infraestrutura são os maiores dependentes dos serviços de energia, correspondendo a construção, transporte e saneamento. 

2 - Ambiente natural 
Área que inclui agricultura, silvicultura, pesca e gestão de bacias hidrográficas. Segundo o Pnuma, a agricultura orgânica, a agricultura sustentável e a fabricação de comidas naturais necessitam de mais mão de obra do que a produção convencional. Assim, a adoção de práticas de gestão sustentável tende a ser responsável por 362 a 630 milhões de empregos até 2050.

Segundo a OIT, a economia verde pode ser um desafio para a inserção de jovens no mundo do trabalho, pois geralmente exigem níveis altos de formação. Algumas áreas, entretanto, tendem a ter um potencial inclusivo para as juventudes. Em energias renováveis, por exemplo, em conjunto com setores de infraestrutura através de abordagens de emprego intensivo, como a construção, transportes e saneamento. A agricultura sustentável é outra, com empregos verdes que têm a possibilidade de cobrir a totalidade de empregos dignos criados a partir de práticas agrícolas ecológicas. E os sistemas de gestão das bacias hidrográficas, a conservação da água e do solo, os sistemas de irrigação e a proteção contra inundações.

De forma geral, existe um grande potencial de oportunidades relacionadas ao desenvolvimento de tais carreiras no Brasil. O país tem uma posição privilegiada em termos de disponibilidade de recursos de energia renovável; no entanto, a indústria e o setor de transportes ainda são dependentes do uso de combustíveis fósseis.

O Brasil já é uma potência em termos de mão de obra empregada no setor de energias renováveis, principalmente na cadeia da bioenergia. O aumento gradual do uso de fontes de energia renovável na indústria deverá impactar a cadeia de geração de empregos, pois demanda mais mão de obra em relação às cadeias de fontes de energia fóssil.