Acontece

Inserção dos jovens no mundo do trabalho apresenta falhas

futuro do trabalho
EPT
Ensino Técnico
Ensino Fundamental
Educação Profissional e Tecnológica
jovens
Juventudes
Mundo do trabalho
Políticas públicas

Levantamento traça perfil das juventudes, identifica problemas durante a formação  e recomenda ampliação de oferta de EPT

A maioria dos jovens brasileiros com idade entre 14 e 29 anos não estuda e apenas trabalha. Segundo levantamento, 39% dessa população está nessa situação, enquanto 15% apenas estuda e 14% estuda e trabalha. Apesar de o IBGE indicar que a taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos é de 18% (mais que o dobro da média geral, de 8,1%), 27% desse grupo é considerado “sem-sem”, sem oportunidade de estudar e trabalhar. Por último, 5% dos jovens estudam e estão desempregados.

Os dados são parte do estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, que apresenta as tendências e o retrato das juventudes no país em busca de estratégias para a inclusão produtiva e social desse público. O levantamento foi realizado pelo Itaú Educação e Trabalho, Fundação Roberto Marinho, Fundação Arymax, Fundação Telefônica Vivo e GOYN SP e foi executado pelo Instituto Cíclica em parceria com o Instituto Veredas.

ℹ️ Confira a pesquisa completa

O estudo traçou um perfil dos jovens, que representam cerca de 24% da população brasileira. Dados apontam que 85% desse total estão nas áreas urbanas. Pretos e pardos somam cerca de 60% desse grupo demográfico.

Um questionário respondido por 34 organizações da sociedade civil que trabalham, direta ou indiretamente, com a inclusão produtiva das juventudes brasileiras mostra que há falhas na formação desses jovens para o mundo do trabalho. Para 67,65% das organizações questionadas, faltam cursos de qualificação profissional e de formação técnica adequados para o acesso dos diferentes perfis de jovens que vivem no Brasil. Os cursos de formação profissional não são atualizados e sintonizados com as vagas existentes no mundo do trabalho, avaliam 58,82% das organizações ouvidas.  

Sobre os jovens que estão entrando no mundo do trabalho, 76,47% das organizações dizem que eles estão mal informados sobre as carreiras do futuro e como o mundo do trabalho funciona. Assim, 82,35% afirmam que os empregadores não conseguem contratar jovens com as qualificações que necessitam para vagas ofertadas.

O estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras” concluiu que um dos caminhos para a inclusão produtiva e social com dignidade das juventudes é a Educação Profissional e Tecnológica (EPT). 

“Essa formação para o trabalho deve estar cada vez mais conectada e alinhada com as tendências do mundo do trabalho e com as economias digital, verde, criativa, do cuidado e prateada. E cabe à sociedade se responsabilizar por essas juventudes e trabalhar para o desenvolvimento de uma educação profissional de qualidade. Só assim esses jovens serão incluídos de maneira digna na cadeia produtiva”, avalia Carla Chiamareli, Gerente de Gestão do Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho.  

Para assegurar a expansão e a democratização da EPT para as juventudes, o estudo traz uma série de recomendações para diferentes atores: agentes públicos, setor privado e terceiro setor. A primeira delas é ampliação da oferta de vagas em cursos técnicos para além do ensino médio. Assim, jovens que já deixaram a escola terão oportunidades de entrar no mundo do trabalho de forma digna. É importante que sejam ampliadas as vagas de estágio supervisionados e de trainee para acompanhar a formação dessas juventudes. É necessário, também, um olhar atento para a política de aprendizagem profissional, a fim de refletir sobre como a estratégia para a aprendizagem baseada em trabalho (ABT) pode ser atualizada ou aperfeiçoada.

Além da formação técnica, o estudo apontou a necessidade de uma visão mais ampla sobre a profissionalização, que não pode limitar-se a ensinar conhecimento tecnológico. A educação profissional e tecnológica (EPT) deve reforçar, também, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. 

O levantamento recomenda ainda a criação de mecanismos de apoio às escolas e de incentivo à formação e valorização dos professores para a EPT, com atualização e reciclagem dos docentes que já lecionam na área. 

 

Novas Economias

A pesquisa também apontou novas oportunidades no mercado de trabalho, como a economia verde, que combate efeitos nocivos do processo de mudanças climáticas e traz oportunidades em campos como energias limpas, turismo sustentável e agricultura; a economia criativa engloba atividades artísticas e culturais e oferece oportunidades no campo das artes, turismo e audiovisual; a economia do cuidado compreende as atividades de cuidado direto e indireto, em uma grande diversidade de serviços e profissionais como enfermeiros, cuidadores de idosos, empregados domésticos e babás; a economia prateada diz respeito aos produtos e serviços destinados a um público consumidor com 50 anos ou mais e gera oportunidades em áreas como serviços, cuidados pessoas e saúde; e a economia digital, que permeia todas as anteriores, é formada pelos profissionais de tecnologia e recursos digitais incorporados a diferentes cadeias de produção.