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Integração de curso técnico com setor produtivo pode transformar formação de jovens

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Observatório EPT

Podcast discute como escolas e empresas podem, juntas, colaborar para gerar mais oportunidades para as juventudes

 

 

A interação entre o setor produtivo e as escolas que oferecem Educação Profissional e Tecnológica (EPT) tem o potencial de gerar mais oportunidades para as juventudes e para o país. Apesar das dificuldades, um projeto de educação profissional em parceria entre profissionais da educação e o setor produtivo pode trazer benefícios para todos os envolvidos, especialmente os estudantes, que buscam o primeiro contato com o mundo do trabalho de forma digna, segura e atualizada. Para as empresas, é uma forma de compartilhar conhecimento de ponta e contribuir com a formação de profissionais qualificados e com habilidade com as novas ferramentas.

Este tema fundamental para a educação no país foi discutido no segundo episódio do podcast Trabalho e Juventudes, uma iniciativa do Itaú Educação e Trabalho, publicado no Observatório da EPT. A série, dividida em quatro episódios, discute a importância da EPT para o Brasil, a quem ela interessa, onde já está sendo implementada e as perspectivas que oferece aos jovens.

Clique aqui para saber mais sobre o primeiro episódio.

Apesar do enorme potencial dessa interação entre escolas e empresas, historicamente há uma desconexão entre elas. Ainda que a preparação de jovens para o mundo do trabalho seja um dos objetivos da educação básica no Brasil, muitas empresas ainda hoje não enxergam a escola como forma de qualificação profissional, o que vem ganhando mais espaço a partir de 2022 com a implementação dos cinco itinerários formativos no Ensino Médio das escolas, entre eles o itinerário de Formação Técnica e Profissional.

Para que essa parceria aconteça, as empresas podem começar identificando as competências e habilidades que mais demandam atualmente dos profissionais e compartilhar essa informação com as redes de ensino. Essas, por sua vez, também podem considerar uma aproximação com o setor produtivo na hora de desenhar os currículos do novo ensino médio integrado ao técnico, considerando, nesse processo, o perfil socioeconômico da localidade e os anseios dos jovens para a formação profissional e de seus projetos de vida.

A prática tem mostrado que, embora exija dedicação das partes envolvidas, este é um processo viável e com resultados rápidos e efetivos. De acordo com a socióloga Maria Alice Setúbal, presidente da Fundação Tide Setúbal, essa aproximação tem acontecido com mais frequência. "Cada vez mais as empresas estão buscando fazer essa articulação. Não é uma articulação simples, mas eu acho que existe, de ambas as partes, maior boa vontade de escutar um ao outro, de manter um diálogo, de fortalecer esse vínculo de uma forma mais efetiva", disse ela, que participou do podcast.

Para o economista Rafael Camelo, diretor de avaliação da consultoria Plano CDE, a principal contribuição das empresas é aportar conteúdo. “É trazer para a escola pública os conteúdos úteis e dizer quais as competências que os alunos devem ter para se desempenhar bem no mundo do trabalho”, explicou.

Um exemplo disso é o trabalho desenvolvido pela Auren Energia, em Araripina, sertão de Pernambuco, em parceria com o Itaú Educação e Trabalho, a rede de ensino local e, também, a Schneider Eletric. Na região, há expressivo potencial de produção de energia renovável e a necessidade de profissionais qualificados. Ao levar essa demanda por técnicos da Auren Energia para a Secretaria de Educação do estado, a receptividade por parte da rede foi imediata e o interesse dos jovens, animador. Esse trabalho intersetorial resultou no curso técnico em Sistemas de Energia Renovável, que se tornou referência para o restante do país. Quando criado em Araripina, houve mais de 300 inscritos para as 90 vagas disponíveis.

Segundo o engenheiro Rômulo Vieira, gerente geral da Auren Energia, o entusiasmo na criação do curso serve para transformar Araripina em um polo de conhecimento e de tecnologia em energias renováveis, com planos de criar mais dois cursos técnicos na região. "Essa conexão não vai ficar só com a Votorantim Energia [agora Auren Energia]. A gente quer convidar os outros players do setor da região para se conectar a esse projeto também. A nossa visão é tornar Araripina um centro de referência à formação de pessoas e de tecnologia de energias renováveis no Brasil”, disse.

O exemplo reforça a ideia de que o fortalecimento da EPT não é uma estratégia para sanar desafios pontuais de uma empresa ou outra. Também não é para dar apenas uma oportunidade de trabalho a um jovem ou fomentar o empreendedorismo em outro. É para estimular o desenvolvimento socioeconômico de maneira ampla e formar, de maneira integral, os jovens que precisam de oportunidades em um mundo em acelerada transformação.