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EPT é estratégica para oferecer oportunidades a 1,7 milhão de jovens

EPT

Podcast discute como Educação Profissional e Tecnológica pode conciliar as demandas do setor produtivo aos interesses dos jovens  


 

O Brasil tem um grande desafio na formação das suas juventudes. Atualmente, apenas 20% dos estudantes que terminam o ensino médio no país chegam ao ensino superior, e 35 em cada 100 jovens brasileiros, com 19 anos, sequer concluíram o ensino médio. Neste contexto, a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) se apresenta como uma oportunidade estratégica e democrática, que permite o acesso a todas as juventudes.

A EPT oferece perspectivas de formação para 1,7 milhão de jovens, que se formam todos os anos na educação básica, e não recebem nenhum tipo de preparo para o ingresso no mundo do trabalho.  

Este tema fundamental para a educação no país foi abordado no primeiro episódio do podcast Trabalho e Juventudes, uma iniciativa do Itaú Educação e Trabalho (IET), publicado no Observatório da EPT. A série discute, em quatro episódios, a importância da EPT para o Brasil, a quem ela interessa, onde já está sendo implementada e quais perspectivas oferece aos jovens.

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Apesar de a formação profissional ser um direito garantido pela Constituição, na prática essa oferta impacta apenas 11% dos estudantes do ensino médio que têm acesso a algum tipo de ensino técnico. 

Segundo o professor Francisco Soares, um dos especialistas brasileiros em avaliação educacional, “o ensino médio brasileiro é feito para poucos. Muitos não chegam ao ensino médio. Dos que chegam, muitos não ficam. Dos que ficam, muitos não aprendem. Dos que aprendem, muitos não veem sentido no que aprenderam”. 

Os elevados índices de desemprego entre a população de 18 e 24 anos - mais do que o dobro da média nacional - demonstram a urgência de políticas públicas para essa parcela de educação, que envolve também a educação.  

Além disso, Ana Inoue, superintendente do IET, aponta uma cisão comum e problemática no Brasil: “Separar o mundo do trabalho da formação educacional é um equívoco, porque a melhor formação que o jovem pode ter é uma que articule as duas coisas”.  

Para tentar resolver isso, a partir de 2022 o ensino médio oferece às juventudes cinco trajetórias, entre elas a Educação Profissional e Tecnológica. Trata-se da oportunidade de o Brasil oferecer uma educação profissional em larga escala e conciliar assim as demandas do setor produtivo aos interesses dos jovens  

Ainda existe preconceito acerca do ensino técnico no país, mas, nos podcasts, os especialistas demonstram como a EPT está alinhada às necessidades e exigências do século XXI. “Na hora em que faço essa defesa da Educação Profissional e Tecnológica, não estou entendendo a educação técnica profissional que era ofertada no século passado, que via a educação técnica profissional como uma via sem saída”, explicou Inoue. A EPT deixa de ser um ponto final na formação profissional das juventudes e se torna uma etapa de um aprendizado em atualização contínua.

Uma pesquisa realizada pelo Todos pela Educação mostra que esta nova formação está atraindo os jovens, e 76% dos estudantes ouvidos têm interesse no quinto itinerário formativo.

“A Juventude está muito acostumada a um sistema em que não há escolhas, não há opções. As vocações, desejos e vontades das diferentes juventudes não são acolhidos pelo sistema educacional. E a reforma do ensino médio institui uma etapa muito mais aberta e potencialmente acolhedora dessas diferentes vocações, vontade e desejos”, explicou Priscila Cruz, presidente executiva do Todos pela Educação.  “O quinto itinerário tem essa importância de conectar com o mundo do trabalho, com o mundo prático real”, disse Cruz.  

As primeiras iniciativas práticas do quinto itinerário formativo já começaram a se tornar realidade em diferentes escolas do país. Na Paraíba, por exemplo, as escolas têm um coordenador responsável por avaliar potenciais empresas que podem fazer parcerias para gerar vagas de estágio, oferecer palestras e visitas técnicas. “Estamos tendo uma conversa muito boa com o setor produtivo e conseguindo muitas vagas de estágio. Os alunos estão conseguindo entrar no mundo do trabalho”, explicou a professora Raíssa Alencar, assessora pedagógica da Secretaria de Educação da Paraíba.

Para Vitória Cristina, jovem de São Bento (PB) que fez estágio em uma loja de materiais de construção ao concluir o curso de EPT e foi contratada posteriormente, a preparação para o mundo do trabalho é um dos principais trunfos da formação. “Nossa escola trabalhou a questão pessoal e profissional. Acredito que muitos de nós saímos de lá com outra perspectiva, tanto de vida como de profissão”, disse ela. 

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