Estudante do curso técnico de Desenvolvimento de Sistemas cria soluções que vão de aplicativos de saúde a ferramentas para uso responsável da Inteligência Artificial

A estudante do curso de Desenvolvimento de Sistemas da Escola Técnica Estadual Senador Wilson Campos, em Paudalho (PE), Ester Feliciano, passou a compreender melhor o funcionamento do curso, que combina teoria e diferentes áreas de atuação profissional, ao concluir o primeiro ano. Foi nas aulas práticas de programação, realizadas em um laboratório repleto de equipamentos eletrônicos, que a estudante descobriu sua vocação para a área e sua afinidade com a linguagem de programação Python, amplamente usada em aplicações da Web, desenvolvimento de software, ciência de dados e machine learning (ML).
Para Ester, o laboratório funciona como um celeiro de aprendizado, de ideias e de criação. “Os equipamentos desse espaço nos permitem pôr a mão na massa. Em nossos projetos finais e nas feiras de tecnologia, usamos muito esse laboratório”, diz ela, que ressalta como as aulas práticas, com acompanhamento dos professores, são importantes para o desenvolvimento dos estudantes e permitem elaborar projetos tecnológicos inovadores. “Podemos trabalhar com a programação em si, desenvolvendo softwares, ou com robótica, integrando Arduino, uma plataforma de prototipagem rápida que permite criar dispositivos de maneira simples e prática, e a linguagem de programação”, explica.
Ao lado dos colegas, a estudante já desenvolveu diversos projetos com as possibilidades oferecidas pelo curso técnico. Ela cita duas iniciativas: o “Conecte Imuno”, um aplicativo de saúde que funciona como uma carteira digital, indicando quais vacinas devem ser aplicadas de acordo com a idade e região do usuário, e um site voltado à área de educação, que facilita a entrega e a devolutiva de atividades escolares. “Para desenvolver um aplicativo não basta saber programar, é preciso pesquisar conteúdos de qualidade e que façam sentido para serem colocados no app”, afirma. “Desenvolver sistemas é solucionar problemas que existem na sociedade”.
Sobre o uso de Inteligência Artificial, Ester avalia que tem potencial para apoiar as pessoas, mas o desconhecimento sobre seu funcionamento pode prejudicar o uso. Essa reflexão orienta seu projeto final de curso: um site que funciona como scanner para identificar o uso de IA em textos. “O estudante não está proibido de usar a tecnologia, ele pode usá-la para estudar, não para copiar e colar um texto pronto”, destaca.
A estudante deseja ingressar no ensino superior em um curso de Desenvolvimento de Sistemas ou Sistemas para Internet. Ela relata que há diversidade de gênero e de raça em sua turma e entre os professores, mas reconhece que a área de tecnologia, no ensino superior e no mundo de trabalho, ainda é majoritariamente masculina. Como mulher negra, ela observa esforços para ampliar a presença de minorias nesses espaços. Cita, como exemplo, eventos dos quais participou, como o Mulheres em Tecnologia e o Rec’n’Play, em Recife (PE). “Vimos como funciona a tecnologia nas empresas fora da nossa cidade e a participação das mulheres. Essas formas de inserção são importantes, pois também temos como contribuir economicamente para a sociedade”, conclui.
(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho em outubro de 2024)
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