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“Curso técnico em artes visuais tornou realidade o meu sonho de criança”

Aluna do curso de artes visuais acredita na importância de oferecer oportunidades para minorias promoverem arte sobre suas experiências

Minha família diz que eu mudei da água para o vinho desde que entrei para o curso (Técnico em Artes Visuais). Dizem que agora eu me expresso melhor. É isso que a arte faz”. É desta forma que Yasmin Fernanda Aguiar, de 29 anos, estudante do curso técnico de Artes Visuais, no Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari, em Macapá (AP), analisa o impacto da formação em sua vida.

O gosto pela arte acompanha Yasmin desde seus 9 anos de idade. E a busca pelo curso técnico na área foi a forma que ela encontrou para realizar esse sonho. “Vim para cá (para o curso) fazer mais do que apenas existir”, diz.

Bacharel em design, foi a partir de um edital aberto para o curso do centro educacional Cândido Portinari que Yasmin encontrou a oportunidade de tornar realidade o desejo de aprender artes visuais. “Recomendo muito para quem tem interesse na área e quer desenvolver habilidades em desenho. A arte envolve um conhecimento construído a partir da paciência. E hoje em dia, nesse tempo corrido, a gente precisa desacelerar.”

IA, arte e futuro

Hoje, Yasmin mantém os estudos em uma pós-graduação sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) na produção de arte junto ao curso técnico. O tema, inclusive, a fez refletir e ter ressalvas sobre obras geradas sem formação ou conhecimento de arte. Ela afirma, por exemplo, que erros podem ocorrer quando são geradas muitas imagens, e que a tecnologia não é capaz de reproduzir emoção ou subjetividade humanas. Para Yasmin, é importante que haja a supervisão de um artista durante o processo de criação com IA. “Eu acredito que o mercado vai se dividir em profissionais que vão usar IA de forma supervisionada, utilizando como ferramenta ou forma de aperfeiçoar a sua arte, e também, vão continuar existindo os ilustradores, desenhistas e pintores.”

Olhando para o mercado artístico, ela avalia que existem vários países em que os artistas são valorizados, e espera que o mesmo possa acontecer no mundo do trabalho brasileiro para aqueles envolvidos na economia criativa. A arte, segundo ela, está em um bom momento para ampliar diversidade, com minorias e populações periféricas tendo a oportunidade de fazer arte alinhada com suas experiências. “Isso não acontecia há dez ou quinze anos atrás. Precisamos aproveitar esse momento emergente. Grandes obras são criadas quando se oferece um palco oportuno.”

Além disso, Yasmin critica a disparidade de gênero nessa área. “Precisamos de mulheres em todos os lugares, não podemos só ficar demonstrando o mundo dos homens,” afirma. A estudante indica, inclusive, que uma de suas maiores referências de artista é sua professora. “O mundo é de ambos os gêneros. Então, as mulheres também devem ter oportunidades.”

Aqui no norte do Brasil, quando algum artista ganha algo todos comemoram, porque sabem que é uma dificuldade tremenda de fazer com o que produzimos chegue para o resto do Brasil”, fala sobre sua própria experiência.

A artista visual já tem planos profissionais após a conclusão de seu curso técnico. “Quero ainda fazer uma complementação em licenciatura de artes. Quem sabe um dia eu não dou aula aqui?”.

 

(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho em setembro de 2024)

 

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