Artigo de autoria de Carla Chiamareli, gerente do IET, foi publicado na Revista Observatório Itaú Cultural
Como determinar o impacto de iniciativas em cultura e educação na vida de cada um de nós? A edição 33 da Revista Observatório Itaú Cultural tem como centralidade propor uma reflexão profunda sobre o tema. O dimensionamento do valor da cultura e da educação é complexo. Sendo assim, os temas abordados na revista giram em torno da “discussão sobre metodologias multidimensionais que possam evidenciar os impactos de atividades artísticas e culturais” e, desta forma, contribuir para a promoção do desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.
Uma das formas de promover esse desenvolvimento integral das juventudes é pela Educação Profissional e Tecnológica (EPT), como afirma a gerente de Gestão de Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, Carla Chiamareli, no artigo “Caminhos para unir ensino técnico e área cultural na formação de jovens”.
“Engana-se quem supõe que os cursos técnicos se restringem à formação do profissional para atuar apenas em parques industriais e tecnológicos ou em empresas do setor produtivo tradicional, como fábricas e montadoras”, afirma. Basta consultar o “Catálogo nacional de cursos técnicos”, do Ministério da Educação (MEC), que lista os cursos da EPT de nível médio oferecidos no país. O eixo de produção cultural e design apresenta 31 cursos técnicos com focos variados, como artes visuais, canto, dança, design, museologia, produção cultural, multimídia, teatro e moda.
Para além do eixo tecnológico de produção cultural e design, outros eixos de formação podem capacitar juventudes e formar trabalhadores criativos, como produção alimentícia, turismo, hospitalidade.
Como explica Carla Chiamareli na publicação: “A economia criativa é abrangente e compreende muitas subáreas de atuação, reunindo toda uma cadeia de produtos e serviços. Em um único show ou exposição, por exemplo, podem trabalhar dezenas de profissionais técnicos antes, durante e depois do evento, o que ilustra as várias oportunidades de geração de trabalho e de renda para as juventudes – possibilidades que ainda podem e devem ser ampliadas”.
Atualmente, um dos principais desafios do Brasil está em aumentar e democratizar a oferta da EPT de qualidade para atender um universo de jovens amplo. Temos, no Brasil, hoje em torno de 50 milhões de pessoas na faixa de 15 a 29 anos de idade, que almejam ter acesso a boa formação e, grande parte, por inclusão produtiva qualificada.
A área cultural já tem, tradicionalmente, amplo espaço para as juventudes. Segundo a “Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua” (“Pnad contínua”), no segundo trimestre de 2021 um quarto (ou 25,6%) dos trabalhadores criativos era formado por jovens (15 a 29 anos).
As possibilidades são diversas e vão desde os cursos de nível médio — que podem incluir a formação inicial e continuada (FIC), de curta duração — até diplomas de graduação, como o de tecnólogo em produção cultural. São caminhos para as juventudes se aprofundarem profissionalmente, dando continuidade a um processo de qualificação para as múltiplas exigências do mundo do trabalho no século XXI.
“As possibilidades de formação são muitas, e colocar a cultura dentro de um itinerário profissional é dar a ela a importância que merece e, ao mesmo tempo, contribuir para fortalecer a chamada indústria criativa, ou economia criativa, que tem grande potencial no Brasil, com sua riqueza e diversidade cultural imensuráveis”, conclui Carla Chiamareli.