Formação foi desenvolvida em ação que envolveu o Estado, setor produtivo e apoio do Itaú Educação e Trabalho, para preparar jovens para área aquecida na região
O Brasil é o principal produtor mundial de açaí e o estado do Pará responde por 90% dessa produção. Em 2022, o Pará gerou mais de 1,5 milhão de toneladas de açaí, movimentando quase R$ 6 bilhões na economia local, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Neste cenário surgiu um projeto que visa aproveitar essa riqueza local e dar aos jovens oportunidade de se formarem profissionalmente neste ramo. Com uma parceria intersetorial, foi construído o currículo de um curso técnico voltado para a cadeia produtiva do açaí. A iniciativa vem sendo desenvolvida desde o final de 2022, em uma atuação conjunta entre o setor produtivo, por meio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica (SECTET), e pelo Itaú Educação e Trabalho.
O curso técnico em Processamento de Açaí, o primeiro do mundo a ser lançado nessa temática, faz parte do projeto AçaíTEC Pará e visa facilitar o ingresso de profissionais no mundo do trabalho. Este é um exemplo de como a Educação Profissional e Tecnológica pode e deve estar conectada com as necessidades do mercado local.
O lançamento do curso ocorreu no final de novembro de 2023, quando também foram realizadas oficinais para validar o currículo da nova oferta técnica. Nos encontros, participaram diversos atores que compõem a cadeia produtiva local do açaí: produtores rurais, empresários, pesquisadores e professores.
“Para a construção do curso foram ouvidas pessoas ligadas ao segmento produtivo do açaí, no Pará, e, a partir daí, o currículo foi organizado por especialistas. E, ao final, realizamos atividades em oficinas específicas que validaram essa construção curricular, sob a supervisão do Itaú Educação e Trabalho”, esclarece a professora Beatriz Podovani, coordenadora de EPT na SECTET.
O curso terá carga horária mínima de 800 horas e será dividido em cinco módulos, com aulas práticas e teóricas, que acontecerão em escolas do estado. O currículo abrange técnicas de colheita sustentável, manejo, processador do suco de açaí, rotulador de produtos derivados do açaí e temas de empreendedorismo. Inicialmente, será oferecido nos municípios de Igarapé-Miri, Abaetetuba e Cametá. O início das aulas será em março de 2024.
“Esse projeto, além de pioneiro, vem com um diferencial: é itinerante. Além da parte teórica, serão ofertadas atividades práticas não só nas áreas onde os alunos e os trabalhadores dessa cadeia já atuam no seu dia a dia, mas em uma carreta desenvolvida especialmente para o curso técnico, chamada Carreta-Escola, que irá rodar todo o estado, inicialmente no baixo Tocantins, que é a região que mais produz o fruto”, explica José Neto, coordenador do AçaíTEC na SECTET.
A Carreta-Escola também terá uma minifábrica de açaí, que contará com todos os utensílios e maquinários necessários para que os estudantes tenham a prática, além da teoria. Assim, os estudantes poderão ter uma visão geral desde o momento que o fruto chega na indústria até a embalagem do produto para distribuição.