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Oferta de Educação Profissional e Tecnológica no Brasil apresenta igualdade de gênero

Estudos/Pesquisas

Estudo do Itaú Educação e Trabalho revela que mulheres têm acesso equitativo à EPT no geral no país, mas estão subrepresentadas em determinados eixos tecnológicos 

A presença de mulheres matriculadas em cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) está equilibrada em relação à de homens, apresentando, assim, equidade de gênero nessa modalidade de ensino. A conclusão é do estudo  “Democratização da EPT no Brasil: Análise sobre a oferta considerando raça, gênero, condição socioeconômica e local de residência”, do Itaú Educação e Trabalho.

O indicador usado para medir a equidade de acesso à EPT na pesquisa é o Índice de Representação Descritiva (IRD), em que o valor 0 é considerado o equilíbrio total. Valores entre 10 e -10 são equilíbrio relativo, entre 10 e 30 (ou -10 e -30) são considerados desequilíbrios pequenos; entre 30 e 50 (ou -30 e -50), desequilíbrios médios; e valores acima de 50 (ou abaixo de -50) desequilíbrios altos. Valores positivos tratam de sobrerrepresentação e negativos de sub-representação. 

Na dimensão de gênero, o IRD apresentado nas matrículas da rede privada e pública é de -1 no país, o que é considerado um nível de equilíbrio relativo muito próximo do equilíbrio total. Dessa forma, é possível afirmar que, no geral, a EPT é a modalidade de ensino que apresenta igualdade para todos os gêneros. Ao analisar a oferta de EPT apenas da rede pública, o IRD é de 0,4. É um dado de pouca sobrerrepresentação de mulheres, ainda mais próximo do equilíbrio total.

Resultados por região

A região Sul do país se destaca em termos de distorções na medição da equidade de gênero no acesso a EPT, registrando um IRD de -9,3. Mesmo assim, ainda é considerado um dado de equilíbrio relativo. As demais regiões do Brasil possuem valores similares: o segundo resultado com maior distorção, ainda que leve também, é do Centro-Oeste, com IRD de -2,9, seguido pelo Nordeste e Sudeste cujos valores são, respectivamente, 1,7 e -1,7. O melhor resultado é do Norte, com 0,6.

Analisando a oferta apenas da rede pública, a região com maior desequilíbrio de oferta por gênero dos estudantes continua sendo a região Sul com -10,1, um dado que passa por pouco a categoria de equilíbrio relativo e é lida como desequilíbrio pequeno. Todas as demais regiões possuem valores de equilíbrio relativo. Em segundo, está a região Centro-Oeste, de IRD -5,2. Atrás dela, estão as regiões Nordeste, Sudeste e Norte, com IRD de 3,4, -1,5 e 1,3, respectivamente.

Eixos tecnológicos

Apesar dos resultados de gênero em relação a oferta de EPT serem mais próximos do equilíbrio total do que, por exemplo, os resultados raciais e socioeconômicos, também medidos pelo estudo do Itaú Educação e Trabalho, a disparidade entre homens e mulheres se tornam mais aparentes, com desequilíbrios médios, ao analisar os dados da distribuição nos eixos tecnológicos de cursos de Educação Profissional e Tecnológica.

Mulheres estão sobrerepresentadas nos seguintes eixos: ambiente e saúde (IRD de 46,7), produção alimentícia (32,6), produção cultural e design (33,9) e turismo, hospitalidade e lazer (37,9).

Eixos com pouca representação feminina são os de controle e processos industriais (-49,1, quase um desequilíbrio alto), informação e comunicação (-26,2) e recursos naturais (-10,4). “Estudo recente do Itaú Social revelou que as ocupações relacionadas à área de matemática têm rendimentos médios duas vezes maiores que os trabalhos em geral. Nesse contexto, as mulheres indígenas, pretas e pardas, que prevalecem em ocupações de outras áreas têm os rendimentos mais baixos”, afirma Ana Inoue, superintendente do IET.

O estudo “Democratização da EPT no Brasil” é pensado como guia de como a implementação de EPT pode ser feita de forma a ser alinhada com a mitigação de desigualdade entre minorias, dando a mulheres uma forma de entrada no mercado do trabalho e obtenção de ensino que possa melhorar a situação do gênero na sociedade brasileira. “É fundamental que essa distribuição de matrículas por gênero e raça dentro dos eixos tecnológicos seja mais equitativa”, conclui Ana Inoue.