Programa revelou que jovens têm maior probabilidade de estar desempregados por falta de formação alinhada com o mundo do trabalho
Os jovens que têm entre 16 e 24 anos na América Latina têm muito mais probabilidade de estar desempregados do que aqueles com entre 25 e 65 anos. A conclusão é do Programa de Avaliação Internacional de Competências de Adultos (PIAAC), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O programa tem por objetivo avaliar as habilidades de adultos da América Latina.
Segundo o PIAAC, um dos problemas para essa população é que a formação para as juventudes é muitas vezes incompatível com as necessidades do mundo do trabalho, com consequências negativas sobre os ganhos e a satisfação no trabalho. Para completar, estudantes de 15 anos na América Latina estão menos familiarizados com a vida profissional do que nos outros países da OCDE.
O PIAAC surgiu a partir do contexto em que as habilidades profissionais são cada vez mais reconhecidas como uma “moeda do século XXI”, e têm importância para o desenvolvimento econômico, o engajamento cívico, a coesão social, a inovação e criatividade, a redução do crime, a melhoria na saúde e do bem-estar, e o acesso a oportunidades profissionais.
Além de analisar esse cenário, o programa oferece uma oportunidade de rastrear a aquisição e o desenvolvimento de habilidades de adultos, seu uso no local de trabalho e entender como as habilidades contribuem para melhores empregos, maior produtividade e, finalmente, melhores resultados econômicos e sociais. Em seu documento mais recente, o estudo traz dados coletados em países da América Latina. O material é um alerta para que as políticas públicas assegurem os reais desenvolvimento e utilização dessas habilidades por sua população adulta.
Dividido em dois ciclos, realizados desde 2012, o estudo avaliou 245 mil adultos que representam 1,15 bilhão de pessoas com idade entre 16 e 65 anos, em 39 países/economias. Ele leva em consideração uma avaliação sobre a capacidade de ler, de matemática, de resolução de problemas em ambientes digitais e de resolução adaptativa de problemas. A pesquisa também coleta uma série de habilidades genéricas, como colaborar com outras pessoas e organizar o próprio tempo, exigidas dos indivíduos em seu trabalho, bem como seu trajeto educacional.
De acordo com o estudo, as economias da América Latina têm menos trabalhadores empregados em setores de alto valor agregado ou em ocupações que exigem altos níveis de qualificação do que nos países da OCDE. A região fica atrás em atividades organizadas para treinamento e aprendizagem de adultos. Isso se deve em grande parte às taxas de participação muito mais baixas entre trabalhadores autônomos e empregados informais.
O PIAAC ressalta ainda que, de forma geral, os trabalhadores mais qualificados têm maior probabilidade de serem empregados, ganhar salários mais altos e obter melhores resultados sociais. Trabalhadores que usam suas habilidades com mais frequência também têm maior probabilidade de ganhar salários mais altos.
O estudo indica que as habilidades transformam vidas, geram prosperidade e promovem a inclusão social, pois o que as pessoas sabem e o que fazem com o que sabem tem um impacto na qualidade de suas vidas. “Sem as habilidades certas, as pessoas são mantidas às margens da sociedade, o progresso tecnológico não se traduz em crescimento econômico e as empresas e os países não podem competir no mundo globalmente conectado e cada vez mais complexo de hoje”, diz.
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