Matrículas femininas são três vezes maiores do que de homens nas formações nas áreas de ambiente, saúde, educação e social
Em 2022, 1,2 milhão de mulheres ingressaram na Educação Profissional e Tecnológica (EPT) de nível médio em todo o Brasil. Isso corresponde a 58% do total de matriculados, segundo dados do Censo Escolar 2020 levantados pelo Itaú Educação e Trabalho. Esta modalidade de ensino que prepara para o mundo do trabalho e faz parte do ensino médio tem em sua maioria estudantes mulheres no país.
Segundo os dados, a proporção de mulheres matriculadas nos eixos tecnológicos de ambiente e saúde e desenvolvimento educacional e social, em proporção, é três vezes maior em relação aos homens. Nos eixos de produção alimentícia e turismo, hospitalidade e lazer, a quantidade de mulheres é o dobro do número de homens matriculados.
Por outro lado, é mais tímida a presença de mulheres em cursos dos eixos de controle e processos industriais, em que 84% dos matriculados são homens; área militar, com 28% de mulheres; informação e comunicação, com 36% do gênero feminino.
Segundo um estudo do Itaú Educação e Trabalho, realizado com a Fundação Roberto Marinho, mais mulheres teriam interesse em cursar EPT. A pesquisa aponta que 72% das entrevistadas sinalizaram esta intenção, enquanto, entre os homens, a taxa era de 66%.
Quando questionadas sobre a possibilidade de cursar formação técnica e profissional voltada para o mundo do trabalho, mais mulheres se interessam por modelos em que a prática profissional está presente no processo formativo e elas possam ter aulas teóricas na escola e trabalhar em empresa. Para 45% das entrevistadas esse modelo seria o mais atraente, enquanto entre os homens, essa taxa era de 30%. Um claro aceno da importância, para mulheres, de obterem formação que promova a prática e auxilie na inclusão digna no mundo do trabalho. Os dados foram extraídos da pesquisa “Percepções dos jovens sobre o ensino técnico”, do Itaú Educação e Trabalho e da Fundação Roberto Marinho, elaborado pelo Plano CDE.
Para Carla Chiamareli, gerente de gestão do conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, esse conjunto de dados mostra como a Educação Profissional e Tecnológica é vista como oportunidade valiosa para o processo formativo e carreira de mulheres e a necessidade de, cada vez mais, ampliarmos a diversidade de gênero nas formações e no mundo do trabalho. “As mulheres enxergam valor na Educação Profissional e Tecnológica e entendem como ela abre portas. No entanto, ainda hoje temos poucas mulheres em formações e cargos que por muitos anos foram vistos como masculinos, sobretudo nas economias verdes e digitais. São barreiras que persistem no mundo do trabalho e que cabe a nós, como sociedade, e ao setor produtivo, criar novas oportunidades mais equitativas para ampliar a diversidade de gênero na composição das carreiras profissionais e, principalmente, na ampliação de cargos de liderança”, avalia.