Educação integral, aprendizagem profissional e formação docente são caminhos
O futuro do trabalho e a economia digital andam de mãos dadas e têm o potencial de proporcionar inserção produtiva qualificada para os jovens nos próximos anos. Para isso, eles precisam ser bem preparados para que aproveitem essas novas possibilidades, apontadas em diferentes relatórios e estudos recentes.
De acordo com o relatório “Future of Jobs”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, no início de 2025, 39% das habilidades exigidas pelos empregadores para contratarem mão de obra mudarão até 2030 e 63% dos empregadores mencionam a lacuna de habilidades como o principal empecilho que terão de enfrentar.
Já o relatório mundial “IA generativa e Empregos: Um Índice Global Refinado de Exposição Ocupacional”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK), mostra que a Inteligência Artificial (IA) generativa tem mais probabilidade de transformar empregos do que de substituí-los, considerando que um em cada quatro empregos corre o risco de ser transformado por ela, principalmente os trabalhos administrativos, compostos por tarefas mais rotineiras e, portanto, mais automatizáveis.
“O mercado no futuro vai ter profissionais que irão utilizar a Inteligência Artificial como ferramenta para aperfeiçoar sua arte”, opina Yasmin Fernanda, estudante do curso de artes visuais do Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari, em Macapá (AP). Já Stephany Barbosa Amaral, estudante de automação industrial na EEEFM Arnulpho Mattos, em Vitória (ES), pensa que “se a Inteligência Artificial for usada da forma correta, ela pode ajudar, muito mais do que atrapalhar”.
E é diante desse cenário que a economia digital também desempenha um papel transversal, porque está presente em vários setores produtivos – da agropecuária ao comércio –, o que é positivo para a empregabilidade dos jovens, pois eleva suas chances de inserção no mundo do trabalho.
Essa economia pode incluir áreas como educação (ensino híbrido e EAD), saúde (telemedicina), marketing (ciência de dados) e compreender carreiras como engenharia eletrônica, processamento de dados, programação, inteligência artificial e cibersegurança. É o que mostra o estudo “O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, produzido pelo Instituto Cíclica e Instituto Veredas, a pedido do Itaú Educação e Trabalho (IET), Fundação Roberto Marinho, Fundação Arymax, Fundação Telefônica Vivo e GOYN SP.
Mas como os jovens podem ser preparados para aproveitarem todas essas mudanças?
Existem alguns caminhos. Um deles é pelo Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e Tecnológica (EMI-EPT). Essa etapa de ensino permite uma formação robusta e conectada às exigências do mundo do trabalho, e o jovem já sai com uma profissão, podendo trabalhar e/ou entrar em uma faculdade, se assim desejar, e com chances de seguir aprendendo ao longo da vida. A modalidade tem crescido no Brasil nos últimos anos, como mostra o Censo Escolar 2024.
Um outro ponto essencial é a formação adequada de professores de Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, que muitas vezes saem do mercado para o universo da Educação Básica e precisam de uma qualificação específica para a docência.
Ao mesmo tempo, a Política de Aprendizagem Profissional nos estados pode ser uma indutora das contratações formais das juventudes como aprendizes, de forma digna, o que lhes assegura as proteções e os benefícios previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). É necessário também o envolvimento do setor produtivo como um todo na criação de currículos atualizados e de outras qualificações dos profissionais ao longo da vida.