Superintendente Ana Inoue foi convidada para o “Festival Nexo + Nexo Políticas Públicas: O Brasil em debate”
Entre os dias 9 e 16 de setembro, aconteceu a 3ª edição do “Festival Nexo + Nexo Políticas Públicas: O Brasil em debate”, com a discussão de temas importantes da agenda pública do país. O Nexo e o Nexo Políticas Públicas foram os responsáveis pela organização e realização do evento.
O Itaú Educação e Trabalho participou com a superintendente Ana Inoue de uma das mesas de discussão, com o tema “Qual educação para as juventudes serem protagonistas do seu futuro”. Também participaram do debate Alvaro Comin, professor do Departamento de Sociologia da FFLCH/USP e coordenador do grupo de pesquisa “Mercados Digitais de Trabalho” do C4AI-USP, Felipe Tuxá, professor adjunto do Departamento de Etnologia e Antropologia/UFBA, e Naercio Menezes, professor titular da Cátedra Ruth Cardoso/Insper e professor associado da FEA/USP. A mediação foi de Suzana Souza, editora do Nexo.
Ao abrir a discussão, a editora do Nexo afirmou que o objetivo da conversa entre os especialistas era debater projetos de sociedade que devem ser criados para as múltiplas juventudes brasileiras, com todos seus diferentes recortes regionais e sociais, para que todos sejam contemplados de maneira igualitária no país.
Ana Inoue destacou dados sobre a população de jovens no país. “O Brasil possui 50 milhões de jovens, entre 15 e 29 anos, o que corresponde a quase ¼ da população. 88% deles estão na educação pública e apenas 21% vão para universidade. Quando falamos de jovens, temos muitas camadas de complexidades para lidar e entender, entre questões regionais e desigualdades. Estamos formando jovens e o futuro do país será de egressos da educação pública. Temos que pensar em como estamos tratando essas juventudes, diante de tantas mudanças constantes. Precisamos ouvir e conhecer as juventudes, lidar com essa realidade que é complexa e que vai mudando rapidamente para um futuro que será muito impactado pela tecnologia”.
Para o professor Alvaro Comin, está acontecendo um processo de transformação de paradigmas tecnológicos, com impactos no mundo do trabalho. “Vivemos hoje uma crise das juventudes, que é um fenômeno no mundo todo, com taxas de desemprego muito altas, dificuldade de ingressar no mundo do trabalho e problemas mentais e de saúde entre pessoas de 15 a 29 anos. No Brasil, temos uma situação que parte das juventudes chega no ensino superior e se forma com boas chances de entrar no mundo do trabalho e construir carreiras, mas a maioria está ficando para trás, com jovens chegando aos 20 anos sem nem ter concluído o ensino médio. Acredito que temos que focar os esforços nestes jovens. O grande desafio é tirar as juventudes do mundo do trabalho para que elas possam ao menos concluir o ensino médio e, para isso, é necessário ter investimentos nas escolas. Também é preciso ter políticas públicas de distribuição de renda para as famílias, para que esses alunos não precisem deixar as salas de aula para trabalhar”.
O professor Felipe Tuxá reforçou a importância do protagonismo das juventudes indígenas hoje. “Atualmente, nas aldeias, temos escolas com a maioria dos professores indígenas. Na minha comunidade, toda a equipe gestora, educadores e funcionários são. Porém, é um processo recente. A entrada no Ensino Superior também. Em 2011, havia apenas cerca de seis mil indígenas e, em 2019, mais de 60 mil. O protagonismo indígena e, sobretudo das juventudes, passa por muitas transformações decisivas nos últimos 15 anos por conta das políticas afirmativas. Se no passado vivíamos sob tutela do país e pessoas não indígenas ocupavam espaços e decidiam as políticas ideais para nós, não deixamos mais essas oportunidades abertas. Queremos ser protagonistas e estar à frente do que nos diz respeito”.
O professor Naercio Menezes, em sua fala, enfatizou a educação na primeira infância. “Quando falamos nos jovens, precisamos entender que eles já passaram por vários momentos da vida, nascimento, primeira infância, creche, pré-escola e ensino fundamental I e II. Momentos cruciais para sua formação e que vão refletir em toda a sua vida. Por isso, quando olhamos para as juventudes, temos que olhar para o que acontece antes. Seus problemas são consequências do que acontece nos primeiros anos de vida. As políticas públicas precisam enfatizar a primeira infância, pois é a etapa com o maior retorno ao longo prazo. Esse jovem precisa de uma formação adequada até chegar no ensino médio. E isso só vai acontecer se houver igualdade de oportunidades e se houver ações intersetoriais agindo desde o início da vida escolar dos estudantes”.
Ao todo, o festival contou com a participação de 55 especialistas distribuídos em 12 mesas de debates. Os assuntos abordados envolveram, ainda, cultura, desigualdades, políticas alimentares, questão racial, educação, democracia, saúde infantojuvenil, crise climática, envelhecimento, gestão e sustentabilidade urbana, gestão de pessoas e relação entre tributação e saúde.
O conteúdo da mesa de discussão com a participação do IET está disponível no link.