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IET apoia estados na implementação de cursos técnicos de energia renovável

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Currículo desenvolvido a partir de experiência em Araripina (PE) já despertou interesse em outros seis estados e é oferecido em três deles

Um projeto intersetorial de fomento à Educação Profissional e Tecnológica (EPT) em Araripina, no sertão de Pernambuco, serviu de base para a criação de um currículo de referência em Sistemas de Energias Renováveis, para cursos de EPT de nível médio. O modelo agora começa a servir para a adaptação a novos contextos e especificidades a fim de levar à implementação do curso em outros estados do país, conforme o potencial energético de cada um. 

Desde que o currículo foi lançado pelo Itaú Educação e Trabalho (IET), em maio de 2022,  seis estados em três regiões receberam apoio técnico para desenvolver ou implementar o curso, alguns tendo início já neste ano. Além do curso em Pernambuco, secretarias estaduais do Amazonas, Amapá, Piauí, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Sul também demonstraram interesse em oferecer o curso. 

O Piauí oferece na modalidade integrada ao ensino médio, Sergipe já está implementando o curso em uma escola na forma subsequente, a Paraíba está selecionando escolas e o Rio Grande do Sul está desenvolvendo um projeto piloto em uma escola no município de Osório. 

“O estado do Rio Grande do Sul se interessou pelo currículo porque o mundo está passando por um período de transição energética e as energias renováveis têm uma posição de destaque nesse processo. O estado está procurando caminhos alternativos para a transição energética”, explicou Vitor Powaczruk, assessor técnico da Superintendência da Educação Profissional (SUEPRO) da Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul (SEDUC - RS). 

Em cada um desses estados, o IET atuou como um catalisador, criando pontes entre diferentes atores e facilitando o processo de aprendizado. Um dos principais focos do trabalho era gerar uma contribuição ativa entre as secretarias de educação, as escolas e diversos atores do mundo do trabalho a fim de adaptar o currículo para as especificidades de cada estado. Assim, alguns lugares passaram a apostar mais na produção de energia solar, enquanto outros viram mais potencial na biomassa ou na energia eólica.

“O diálogo do Rio Grande do Sul com outros estados se deu graças ao IET, que nos permitiu conhecer a matriz do curso em Araripina, e isso motivou a gente a avançar mais na implantação do curso em Osório”, disse Powaczruk. 

“Desde o começo, tivemos contato com todas as matrizes energéticas. A ideia de customização dos currículos em função dessas matrizes foi importante. Já pensamos formas de estudo para o desenvolvimento de currículos customizados para a matriz energética mais favorável de cada local do estado. Temos perspectiva de trabalhar com geração eólica, fotovoltaica, biomassa e hidrelétrica, tudo dependendo da geografia do estado”, afirma o assessor técnico.

Desde o princípio, houve um forte processo de trocas entre secretarias de diferentes estados, e profissionais de diferentes áreas passaram a ter contato para aprender e adaptar o currículo a seus contextos, se aproximando do setor produtivo. Isso gerou uma flexibilidade no curso, que pode ser adaptado a qualquer contexto de demanda de energia renovável do Brasil.

Segundo Powaczruk, o curso é especialmente importante porque a juventude está muito mais inserida nesse contexto de sustentabilidade do que as gerações mais antigas. “Nada mais natural do que eles apoiarem as iniciativas e buscarem esses cursos. A questão é como conseguimos conciliar as necessidades gerais da juventude, como emprego e renda, com a sustentabilidade, e acho que o curso é muito favorável nesse sentido, contribuindo para a manutenção do jovem na escola e para sua entrada no mundo do trabalho.” 

Além disso, os cursos podem se aproveitar de uma tendência nacional de abertura do mercado de energia a partir do qual empresas e pessoas físicas devem passar a poder comprar sua energia de diferentes fornecedores. Isso deve gerar uma grande demanda por profissionais na área de energias renováveis, com oportunidades para esses jovens no mundo do trabalho.

Veja abaixo como foi o trabalho desenvolvido em cada estado:

Rio Grande do Sul

Foram realizados encontros para apresentação do currículo, discussão sobre possibilidades de oferta no contexto do estado, definição do local (Osório-RS), plantas eólicas e curso no mesmo eixo. Houve ainda uma aproximação com o setor produtivo. 

No RS, o trabalho atualmente é focado no desenvolvimento dos currículos e articulação de diferentes regiões com a expectativa de que o curso técnico em energias renováveis no município de Osório seja implementado em 2024. Em princípio, a implementação local tem foco em energia eólica, solar e em biomassa.

Segundo Powaczruk, a principal tendência potencial está na produção de energia eólica offshore, com parques eólicos no litoral do estado, mas também com a produção de biomassa em escolas da área rural. 

Amazonas

Foram realizados encontros para apresentação do currículo, aprofundamento para possibilidades de oferta na realidade do estado. As principais possibilidades identificadas indicaram o foco em energia solar, biomassa, hidráulica e novas tecnologias. 

As conversas vão levar à definição dos locais para oferta, adaptações no currículo de referência e criação de novos módulos para implementação em 2024. 

Amapá

Foram realizados encontros para apresentação do currículo, aprofundamento dos tipos de energias, prazos da rede e possibilidades de oferta. 

As principais possibilidades identificadas apontaram o foco em energia solar, biomassa, hidráulica, com a possibilidade de oferta do curso em uma escola que já tem um curso no mesmo eixo (eletrotécnica). 

Os próximos passos são as adaptações no currículo, identificar possibilidades de parceria com o setor produtivo para apoio em laboratórios e outras parcerias. 

Piauí

Houve a realização de encontros para apresentação do currículo, alinhamento com o currículo de oferta atual da rede e necessidades de adaptações, bem como definição dos locais de oferta em três cidades. 

As possibilidades identificadas foram em energia solar, biomassa e eólica, com oferta dentro de Centros de Educação Profissional em escolas com estrutura de laboratórios similares.

O PI já tinha um currículo teórico desenvolvido com foco em energia solar e eólica. Houve a participação da secretaria, de um professor do curso técnico e de uma empresa de painéis solares. O curso está para ser implementado na forma de oferta integrada com o ensino médio.

Paraíba

O estado já tinha um currículo próprio, mas quis aproveitar o desenvolvido pelo IET. Foram realizados encontros para apresentação do currículo, desenho do currículo como conjunto de Formação Inicial e Continuada (FICs) e com certificações intermediárias e oferta dentro do Itinerário de Formação Técnica e Profissional (FTP) em escolas regulares.

Os principais potenciais mapeados no estado foram o de  energia solar, biomassa e eólica e está selecionando escolas para oferecer cursos ainda neste ano, construindo também parcerias com o setor produtivo dentro de um programa consolidado (Primeira Chance).

Sergipe

O estado está implementando o curso em uma escola que já tem um curso no mesmo eixo, o de automação industrial. A oferta de formação subsequente vai começar neste segundo semestre de 2023, reafirmando  a capacidade de adaptação do currículo para diferentes contextos . Os principais focos são em energia solar, hidráulica, eólica e olhar para biomassa.

Ela foi desenvolvida após a realização de três encontros para apresentação do currículo, aprofundamento de possibilidades de local e definição de uma escola. A articulação envolveu os professores do curso de automação, a escola e a secretaria 

Curso referencial adaptado

Estados interessados em oferecer o curso técnico de Sistemas de Energias Renováveis podem acessar o Observatório da EPT, onde está disponível gratuitamente tanto a ferramenta para construção desse curso de maneira personalizada quanto o material didático amplo sobre como implementar o projeto.  Dentre as principais inovações trazidas no currículo podemos destacar: a sua modularidade (possibilidade de foco em determinadas energias de acordo com o contexto), o diálogo com as competências do século 21 da UNESCO, diálogo com cada uma das habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) por grande área, rubricas de avaliação e muitas outras que tornem o currículo funcional e eficaz para cada uma das redes.

O curso em Sistemas de Energia Renovável foi desenvolvido a partir de parceria entre o Itaú Educação e Trabalho, Auren Energia, Schneider Electric, Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco e a Escola Técnica Estadual (ETE) Pedro Muniz Falcão.