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Educação Profissional no Brasil está pouco desenvolvida em relação a outros países, aponta OCDE

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Relatório destaca a educação profissional e mostra o Brasil com 11% de matrículas em EPT, contra 37% na média dos países que compõem a organização 

A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) brasileira ainda está muito distante de atingir o patamar de países que são referência em desenvolvimento humano e socioeconômico e membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isso porque, segundo o relatório da OCDE “Education at a Glance”, publicado anualmente, o Brasil apresenta porcentagem menor de estudantes (de 15 a 19 anos) matriculados no ensino médio profissional, com taxa de apenas 11% contra 37% na média da OCDE. A edição 2023 do relatório da OCDE tem como foco principal de análise a Educação Profissional e a aponta como caminho para os jovens ao prepará-los para o exercício das profissões e para a inserção no mundo do trabalho.

O relatório destaca que, segundo o Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no Brasil, as matrículas na EPT têm aumentado e chegaram a 2,1 milhões em 2022 (aumento de 13,7% em relação a 2012). No entanto, esse crescimento não é ainda suficiente. Isso porque uma das metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE), a 11, é triplicar as matrículas da Educação Técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento público. Porém, apesar da expansão recente nas matrículas, o objetivo está longe de ser cumprido. Com base em dados do Censo de 2022, 43% da meta geral foi atingida (pública e privada) e 47,3% da meta relacionada à rede pública.  

Já com relação à conclusão do Ensino Médio técnico, as taxas brasileiras são semelhantes às dos países da OCDE: no Brasil, 62% dos estudantes se formam dentro do prazo esperado e 70% completam o programa após mais de dois anos - nos países da OCDE, as taxas são, respectivamente, 62% e 73%.

Outro dado que chama atenção é que na média dos países da OCDE, 14,7% dos jovens adultos de 18 a 24 anos não estão estudando, empregados ou em treinamentos, os chamados “sem-sem”. No Brasil, a porcentagem é de 24,4%, uma das mais altas.

De acordo com o relatório da OCDE, a educação profissional varia bastante entre países. No entanto, existem características comuns que contribuem para uma educação profissional de qualidade. “Uma das mais importantes é a inclusão da aprendizagem baseada no trabalho. Isso oferece muitas vantagens, inclusive permitir que os alunos apliquem suas habilidades em um ambiente prático e facilita a transição da escola para o trabalho”, diz a OCDE.  

Em geral, os dados divulgados no relatório comprovam que o Brasil está perdendo uma oportunidade valiosa de fortalecer a EPT e de garantir oportunidades de formação e inclusão produtiva digna para as juventudes e, consequentemente, desenvolvimento socioeconômico para o país, como avalia a superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue.

O estudo da OCDE analisou parâmetros como financiamento, acesso à educação, formação de professores, desempenho dos sistemas educativos, entre outros pontos. A pesquisa fornece dados não só dos países integrantes da organização, que são nações desenvolvidas, mas também de países parceiros, como o Brasil.

São 38 países que integram à OCDE: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, Coréia, Costa Rica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia, Suíça e Turquia.