Indígena da etnia Tiriyó procurou o curso técnico para melhorar o atendimento de saúde na sua comunidade
“Tenho parentes que moram na minha cidade e que me disseram que estavam abertas as inscrições para o curso técnico de enfermagem. Eu nem sabia o que era um curso técnico, mas me inscrevi”. Foi assim que Luciano Isemeu Tiriyó, indígena que cursou o técnico de enfermagem na cidade de Macapá (AP), no Centro de Educação Profissional Graziela Reis de Souza, encontrou sua vocação em contribuir com a saúde de sua aldeia. Hoje, ele está no ensino superior, cursando enfermagem, e trabalha no Super Fácil SIAC - Sistema Integrado de Atendimento ao Cidadão.
Luciano afirma que estuda com a intenção de voltar à sua aldeia e apoiar sua comunidade com o conhecimento que adquiriu. “Minha aldeia só pode ser acessada por via aérea. Tem equipes de saúde do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) que vão para lá, mas mudam de rota o tempo todo, além das diferenças culturais, que são enormes. Como enfermeiro, eu posso atender a minha própria comunidade e não é preciso de um tradutor para me comunicar com os que não falam português”, explica.
O estudante também conta que o curso técnico o fez ter certeza para escolher um curso de graduação. “Quis continuar estudando para poder ter mais facilidade para atender e apoiar meus parentes e minha comunidade. O técnico me deu uma base teórica para entrar na faculdade, se tornando um complemento na minha jornada acadêmica”, conta.
De acordo com Luciano, o curso técnico e o apoio dos professores também o ajudou a assimilar melhor a língua portuguesa. No Centro de Educação Profissional Graziela Reis de Souza estudam indígenas de seis etnias diferentes e o português é a língua que usam para se comunicar uns com os outros. “Os professores são muito receptivos. Apesar de não falarem nossa língua são muito atenciosos e contribuem para aprendermos o português”. Ele considera o ensino uma ferramenta valiosa para indígenas como ele. “Deixo um recado para meus parentes: procurem se especializar na área em que tenham mais afinidade para darem apoio a sua comunidade”, finaliza.
(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho em setembro de 2024)
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