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Censo Escolar mostra que a educação profissional é a etapa de ensino que mais cresceu em 2023

Estudos/Pesquisas

As matrículas em EPT aumentaram 27,5% no intervalo de dois anos, segundo o diagnóstico; dados reforçam o desejo das juventudes de cursarem a modalidade

A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) foi a modalidade da educação básica que registrou o maior crescimento no número de matrículas em 2023, segundo resultados do Censo Escolar, divulgado no dia 22 de fevereiro, pelo Ministério da Educação (MEC) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Com 2,1 milhões de estudantes em 2022, o número de matrículas na EPT cresceu para 2,4 milhões em 2023, uma elevação de 12,1%. Se comparado com 2021, a expansão é ainda mais expressiva, de 27,5%, quando havia 1,8 milhão de estudantes matriculados.  

Do total de 2,4 milhões de matrículas, em 2023, em torno de 1,3 milhão se deu na rede pública de ensino e outros cerca de um milhão na rede particular. Na rede pública, as matrículas ficaram divididas com 68,6% em escolas estaduais, 24,7% em instituições federais e 6,7% em escolas municipais. 

“O aumento das matrículas mostra que a EPT entrou de fato na agenda educacional e é um fator muito importante para o desenvolvimento social e econômico do país. O mundo do trabalho está cada vez mais complexo e precisamos nos preocupar em avançar com uma educação profissional de qualidade, isto é, articulá-la com formação geral básica e com as expectativas de desenvolvimento profissional e pessoal das juventudes, colocando-as de forma que possam enfrentar as complexidades que se tornam cada vez maiores”, explica Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho. 

Os dados do Censo Escolar 2023 expressam como as juventudes brasileiras querem ter acesso ao ensino técnico e desejam estar preparadas para o mundo do trabalho ainda na escola. Além disso, estudos recentes demonstram que cursar ensino técnico pode melhorar tanto a vida do egresso quanto contribuir com o desenvolvimento do país. Pesquisa do Itaú Educação e Trabalho, com o Insper e o Instituto Unibanco, por exemplo, mostrou que o jovem que cursar a EPT terá ao longo da sua vida profissional uma remuneração, em média, 32% mais elevada do que a renda daqueles que concluem um ensino médio regular. E outro estudo do Itaú Educação e Trabalho sinalizou que, se triplicada a oferta de ensino médio técnico, o Produto Interno Bruto (PIB) do país poderia crescer 2,32%.  

Um dos avanços nessa área foi a sanção da Lei nº 14.645, em 2 de agosto de 2023, que trouxe um novo marco para a EPT no Brasil. A nova legislação prevê mecanismos para articular a modalidade de ensino de nível médio com programas de aprendizagem profissional e implementar uma Política Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, até 2025. A Política Nacional será um instrumento fundamental para garantir, além da expansão, a qualidade da oferta de ensino profissional e técnico. 

“O Censo Escolar 2023 demonstra que a EPT no Brasil está crescendo e temos que comemorar esse fato. Mas também temos que chamar a atenção para a necessidade de regulamentação da Lei nº 14.645/23, que irá delinear uma nova política pública para as nossas juventudes. Não há mais tempo a perder”, diz Diogo Jamra, gerente de Articulação do Itaú Educação e Trabalho.