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Ana Inoue: Desenvolvimento dos jovens e o trabalho

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Em coluna mensal no Valor Econômico, a superintendente do Itaú Educação e Trabalho reflete sobre a necessidade de incorporar o mundo do trabalho na educação integral

Embora o debate sobre a profissionalização ainda esteja descolado da formação geral das juventudes brasileiras, tem aumentado a inserção deste tema nas discussões a respeito de uma educação integral, que prepare o cidadão não só em termos acadêmicos, mas também considerando o trabalho, a arte e a cultura. Esta é a reflexão que Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, propõe em sua coluna mensal no jornal Valor Econômico, publicada na sexta-feira (11/04), com o título “Desenvolvimento dos jovens e o trabalho”.

No texto, Inoue destaca que a Constituição Federal, no artigo 205, prevê a educação como um direito e deve promover o pleno desenvolvimento da pessoa e o exercício da cidadania, passando também pela qualificação para o trabalho. “Valorizar o papel do trabalho de maneira integrada ao desenvolvimento dos cidadãos é garantir que a trajetória profissional seja construída com todo aparato necessário e com dignidade”, afirma.

A superintendente participou recentemente de um debate promovido pela B3 Social, braço filantrópico da Bolsa de Valores brasileira, em que foi anunciado investimento em atividades de impacto social, com foco em áreas como o aperfeiçoamento da educação pública. Nesse contexto, segundo ela, um ponto alto do debate foi de que uma educação integral precisa ampliar a formação dos estudantes e incorporar o mundo do trabalho em sua construção, além de outras frentes como o esporte. “A formação profissional é uma trajetória comum em países desenvolvidos como Alemanha e Suíça, em que o trabalho é abordado desde cedo no ambiente escolar. São práticas que não têm o propósito de formar profissionais antecipando atividades inadequadas ao desenvolvimento dos estudantes, mas de apresentar experiências que permitam ampliar a compreensão do trabalho como prática social importante. Isso se dá de formas diversas, como a partir de projetos integrados e práticas relacionadas ao que está sendo aprendido em sala de aula, alinhados com a base curricular. Isso permite tratar o trabalho como prática educativa, aproximando os estudantes de uma das formas de organização da sociedade em ambiente protegido e com orientação pedagógica”, ressaltou.

Trazendo para o contexto nacional, Inoue reforça que há espaço para o país evoluir nesse sentido não só a partir da inserção da temática no campo pedagógico e com uma Educação Profissional e Tecnológica (EPT) democratizada, moderna e de qualidade, mas também por iniciativas que contribuam para esse aprender na prática, experimentando diversos campos e fazendo atividades conectadas com a organização social que envolve trabalho, formação e estudo de forma articulada.

Além de garantir esse preparo para as juventudes, na escola, a aprendizagem profissional é uma aliada ao pensar em uma educação integral que não se limita ao ensino de técnicas ou conteúdos específicos, envolvendo também o desenvolvimento de competências essenciais para a vida, como responsabilidade, autonomia e a capacidade de se adaptar às transformações que marcam o mundo do trabalho. No entanto, o programa de aprendizagem profissional, também chamado de Jovem Aprendiz, ainda é subutilizado no país. Uma pesquisa do Juventudes Potentes, realizada na capital paulista com cidadãos de 15 a 24 anos, mostrou que apenas 1,5% dos respondentes atuavam como jovem aprendiz, mas cerca de 60,4% dos entrevistados se veem trabalhando nessa posição, pois acreditam que os programas de aprendizagem podem ser uma boa forma de preparação para o mundo de trabalho. 

“Mais que ampliar a oferta de oportunidades de jovem aprendiz, temos margem para fortalecê-la a partir da articulação da aprendizagem profissional com a educação pública. Ao permitir que a juventude tenha acesso a uma formação integral desde cedo, estamos preparando um futuro mais justo, com oportunidades para aqueles que, muitas vezes, têm sido excluídos do mundo do trabalho e de possibilidades de acesso a ele. As juventudes podem e querem transformar suas realidades. E nós temos como ajudar essa transformação que será delas e do país”, finaliza. 

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